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segunda-feira, 23 de maio de 2011

As Pescarias do Zé

Miro 18.02.2011

Parece não haver dúvidas que o nosso pescador de maior timbre, não era outro senão o nosso querido Zé.

Zé é um daqueles “mineirin” que pesca de um tudo, de tudo quanto é jeito. Tinha um barco de "Alumín" com dois motores de 15 Hp, um deles não funcionava, servia de contra-peso para enfrentar os mares do Atlântico Sul em sua casca de noz metálica.

Mesmo sem bússola ele sempre sabia: onkoto e onkovo!

O galão de água, a garrafa de uma boa cachaça mineira, um isopor que além dos peixes servia de colete salva-vidas, 2 remos antigos, um deles quebrado pela metade, formavam o kit de sobrevivência em caso de naufrágio, o que nunca aconteceu tamanha a destreza do nosso capitão peixeiro.

Ah! Tinha ainda, a tal infusão de Gataia, Canela e Cravo, que segundo os nativos supriam qualquer emergência de fome, de saúde e repelência de mosquitos.

Sabia muito da baia de Paranaguá, conhecia também o mar aberto, até as duas ilhas de Itacolomy e os Currais.

As vezes em função do abraço demasiado na mineira marvada ou na gataia, pegava o lado errado da Ilha do Mel, mas nada que não pudesse ser refeito com algumas voltas ao redor da Ilha.

Documentos em dia, junto com o seguro do barco ficavam num plástico velho de saco de leite impermeável de cheiro duvidoso, nada comparado ao aroma proveniente dos camarões ressecados, perdidos nos embates pesqueiros entre os vãos do assoalho de madeira no fundo do barco.

Tinha também uma capa de chuva amarela e uma caixa de pescaria com todos os tipos de chumbadas, anzóis, linhas e iscas artificiais. Bonita de ver, mas que ninguém podia chegar perto, tamanho o ciúme que tinha de seus apetrechos.

Dizia que caixa de pescador era como moto ou mulher, não se empresta nunca…

De tantos apetrechos, as vezes decidia errado, como colocar um anzol 2/0 para pegar peixes que não são miúdos entre as duas ilhas de Itacolomy.

O Zé tinha uma varinha pequenina, a sua preferida, que pela história e porte pouco avantajado, não mostrava em qualquer lugar. Uma vez mostrou-a na sauna do Santa Mônica, num domingo, onde os "veiotes" de plantão até acharam que ela tinha um razoável tamanho, mas não fez muito sucesso...

A maior felicidade do Zé foi mostrar sua varinha na sauna do Clube Nikey, todo mundo ficou admirado com o tamanho avantajado do instrumento, muito maior que a media conhecida no local. Depois disto o Zé só freqüentou a sauna do Clube Nikey.

Numa destas tardes quentes de janeiro, pós a posse de tantos bons políticos ficha limpa, eu estava no longe jardim de recordações de minha infância, ou seja, na progressiva cidade de Rolândia, também chamada de Rainha do Café, berço meu e do Nacional Atlético Clube, com seu internacional estádio Eric George, agora com iluminação noturna, o que custou a permanência do time na primeira divisão, pois a conta de luz era maior que o salário do centro-avante goleador.

Estava eu em um solilóquio webístico, quando recebi notícias alviçareiras da pescaria no Itacaré, vividas, é claro, pelo nosso Zé!

A mais interessante, foi ele ter pego uma fantástica evolução dos mares, um peixe que já vinha sem rabo, no tamanho certo para ser guardado no velho isopor do Zé, tão conservado como o nosso mais conservado aposentado pescador, o próprio Zé.

Sem perceber uma confusão de mensagens e sílabas, acabei indo ao Google para saber onde estava meu amigo pescador e dei de cara com uma resposta automática do Google:

- Você quis dizer Barão do Itararé…

Automaticamente também, veio a minha memória o nobre e também semi-fictício barão de mesmo nome, o Barão de Itararé, humorista dos primórdios republicanos, que primeiro auto intitulou-se Duque, depois Barão de uma famosa região, divisa entre a grande Rolândia e a megalópoles São Paulo, esta última não tão mega à época do Barão.

Lá em Itararé, no ano de 1930 não houve uma suposta guerra sangrenta e vários acordos foram feitos para que o BRASIL, pudesse entrar firme nos 15 anos da era Vargas, como descrito na citação abaixo de Aparício Fernando de Brinkerhoff Torelly, o Barão de Itararé:

"Fizeram acordos. O Bergamini pulou em cima da prefeitura do Rio, outro companheiro que nem revolucionário era ficou com os Correios e Telégrafos, outros patriotas menores foram exercer o seu patriotismo a tantos por mês em cargos de mando e desmando… e eu fiquei chupando o dedo. Foi então que resolvi conceder a mim mesmo uma carta de nobreza. Se eu fosse esperar que alguém me reconhecesse o mérito, não arranjava nada. Então passei a Barão de Itararé, em homenagem à batalha que não houve..."

Em pleno janeiro, não tive como não criar alguma tênue analogia com as nomeações de Ministros, Secretários, Presidentes, Diretores e Superintendentes após uma mudança eleitoral…

Mas o que há de comum nisto tudo? Como saber se o peixe sem o rabo do Zé era verdadeiro? Frase cunhada com proposital ambigüidade para aproveitar a oportunidade de tirar algum sarro do Zé…

Serão os tais peixes frutos da imaginação fértil e pesqueira do Zé?

Serão eles realidades adquiridas com seu salário?

Serão eles clones de peixes exógenos, jogados fora por pescadores japoneses que também freqüentam a sauna do Clube Nikey?

Ou será tudo isto a mais verdadeira verdade absoluta…

Fiquei imaginando pescador e o tal peixe pitoco travando uma RICHA infindável, até que o esmorecido vertebrado aquático com brânquias arfantes se rendeu aos apetrechos do Zé!

O peixe pitoco chegando no barco com a mesma dignidade de soldados paraguaios assustados com os bigodes de Caxias, aqui representado pelo potente e curto caniço, com carretilha importada, comprados pelo Zé numa marina da Ciudad del Lest... especialista em pesca de cúrrico nos mares daquele País...

Decorreu daí a possibilidade de colocar no grande pescador o título de Visconde de Itararé, o que rima com Zé, como as tertúlias do nosso ainda quase aposentado Justus, o Poeta Imperador. Enviei então, a todos os amigos do Doutor Salinas, recomendações para esta nomeação! Convoquei, como Vargas, os trabalhadores do Brasil e a todos que como eu, estão em férias definitivas para apoiar o Zé.

Falando em aposentadoria recente, mesmo em Rolândia, entrei na era do Jacques Cousteau:

Jacques Você está aposentado, dá para trocar a resistência do chuveiro... a lâmpada do banheiro... arrumar o telhado... lavar a caixa d'água... isto tudo muito me Cousteua...

Quero finalizar confessando que está sendo muito cansativo não se preocupar com nada além dos afazeres e manutenções domésticos, jogar Sudoku, Paciência Spider, ler livro de ficção e assistir as chamadas da novela Vale a Pena Verde Novo...

Estou ficando estressado com tanta falta de estresse, em ter que decidir fazer coisa nenhuma ou não fazer nada... preciso consultar o Dr. Salinas...

Confesso que preferia pesquisar a nova espécie, denominada pelo Tuta, de cavala pitoca sem o rabo do Zé, do que ficar sem nada fazer!

Quero elaborar algo além do fútil e quem sabe ser tão útil como o velho Jacques-Yves, o co-inventor do aqualung e que esteve nos rios e mares brasileiros em atitude menos predatória que o nosso candidato a Visconde de Itararé, descobrindo e catalogando novas e raras espécies!

Com saudades das confusões dos tempos de mudança de governo, dos secretos, mas não muito, acordos de Itararé, peço de coração:

Vote no site pelo titulo do Zé, o nosso Visconde de Itararé! Ou será Itacaré… de qualquer forma será o Grande Visconde Zé e não um "Mané qualqué"...

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